Professora da FACED participa de entrevista sobre o "Dia Internacional de Combate ao Trabalho Infantil"
O dia 12 de junho, por iniciativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), desde 2002, não marca apenas o dia dos namorados. A data também é efetivamente lembrada como Dia Internacional de Combate ao Trabalho Infantil. Desde então, mobilizações e campanhas são adotadas por órgãos e entidades como medidas de proteção às crianças e aos adolescentes nesta situação. A Pesquisa da Professora Dra. Ana Paula Vieira e Souza, do Campus Universitário de Bragança - UFPA, aponta a realidade do trabalho infantil, na Amazônia Paraense.
A pesquisa se origina do desejo da Professora Ana Paula em comunicar a respeito do trabalho infantil. Para ela, é importante lembrar a sociedade paraense, que este fenômeno social, tem negado o direito às crianças e aos adolescentes de viverem suas infâncias de forma plena, de frequentarem a escola, bem como, de vivenciarem um aprendizado de qualidade e o direito de brincar.
Para a pesquisadora Ana Paula Vieira, a sua Tese de Doutorado, defendida em 2014, possui um grande valor social na medida em que revela o trabalho infantil como um tipo de atividade que produz sofrimento às crianças e cumpre uma função econômica para as famílias. “O trabalho infantil é sustentado no discurso ideológico de se constituir como forma positiva de educação. Também é justificado no discurso de que pode ser solução para a pobreza de crianças e adolescentes de origem trabalhadora, além de ser contrário ao trabalho socialmente necessário” , declara a Professora.
Contexto do trabalho infantil
No Brasil, até o ano de 2004, mais de 5 milhões de crianças e adolescentes trabalhavam na faixa etária entre 5 e 17 anos. Os dados coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostram que entre 2004 e 2009, o número passou para 4 milhões. Apesar do número elevado, os dados apontam uma redução no trabalho infantil.
Em 2013, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o país possuía mais de 3.180 milhões de crianças e adolescentes trabalhando, em 2014 o contingente subiu para 3.331 milhões e tem aumentado mais de 10% entre um ano e outro.
O Estado do Pará, em 2014, concentrou o maior número de crianças ocupadas na faixa etária entre 05 e 09 anos, mais de 15 mil. Possui a maior população infanto-juvenil da Região Norte, mais de 2.1 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos, sendo 223.9 mil estavam ocupadas em 2014. Se relacionar os números com o do ano de 2013, de 8,7 mil crianças ocupadas, houve um aumento de 71,59% (DIEESE, 2014).
Achados da Tese
A pesquisa realizada pela Professora Dra. Ana Paula Vieira e Souza identifica que o trabalho infantil, na Amazônia Paraense, atravessa o cenário da escola, uma vez que os discursos das crianças e dos adolescentes revelam que, a forma de trabalho, manifesta-se como fonte de sofrimento, como prática social que produz o estranhamento e possui uma pedagogia própria.
Conclui-se que o trabalho infantil forma as crianças e os adolescentes para a lógica do capital, promovendo a aceitação da sociedade, como forma de um obstáculo na superação dos conflitos, de livrar a criança da bandidagem.
A Pesquisadora Ana Paula Vieira e Souza apresenta dados recentes de 2017, a respeito deste cenário, revelando que 17,3 milhões de crianças e adolescentes até 14 anos vivem em situação de baixa renda. A Região Norte apresenta maior índice no país, com 60% de crianças, respectivamente vivendo nessas condições.
Entrevista
Para dialogar sobre o Dia Internacional de Combate ao Trabalho Infantil, a Profa. Dra. Ana Paula concedeu hoje, 12/06/2017, uma entrevista à Rádio Educadora FM da Fundação Educadora de Comunicação onde foram divulgados dados atualizados desse fenômeno social, que nega direito as infâncias e do crescente número de crianças e adolescentes ocupadas no Estado do Pará.
Serviço:
Entrevista sobre o “Dia Internacional de Combate ao Trabalho Infantil”.
Data: 12 de junho de 2017.
Local: Rádio Educadora FM 106,7.
Texto: Ana Paula Vieira e Souza – Professora da FACED/CBRAG/UFPA
Agradecimentos: Radialista Beto Amorim e a aluna da Turma 2014 de Pedagogia Luzileida Sousa Correa.
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